Rodrigo Guterres Girão

Rodrigo Guterres Girão
Mordomo-mor
Morte 1193
● Maria de Gusmão
● Jimena Ossorio
Descendência Ver Descendência
Pai Guterre Teles
Mãe Urraca Diaz

Rodrigo Guterres Girão (em castelhano: Rodrigo Gutiérrez Girón; m. 1193)

Biografia

Castelo de Calatrava, antiguo castelo de Dueñas.

Mordomo-mor do rei Afonso VIII entre 1173 e final de 1193 excepto por curtos intervalos, ele e seus descendêntes formaram uma das famílias mais poderosas no Reino de Castela medieval, desempenhando um papel de extrema importância para a unificação final das coroas de Castela e Leão. Participou em várias batalhas importantes na reconquista do sul da Península Ibérica. Foi tenente de Gatón, Monzón, Torremormojón, Montealegre a metade de Carrión e Liébana, todas, excepto a última, em Tierra de Campos. Em 1179, o rei Afonso VIII lhe doou Borox e lhe concedeu licença para construir umos banhos e fornos em Toledo e moinhos em uma barragem do rio Tejo.

Em 1189 era tenente do Castelo de Higares em Mocejón e suas terras, que mais tarde, no mesmo ano, deixou em seu testamento ao bispo de Toledo e ao cabildo da catedral. Em 1191, Rodrigo e sua segunda esposa, Jimena, fez uma doação à Ordem de Calatrava da uma metade das rendas e propriedades que teve no castelo de Calatrava a Nova, e a outra metade aos filhos do primeiro matrimónio. Esta doação também incluiu a metade das outras propriedades em Borox, Mocejón e a metade do forno e moinho em Toledo.[1]

Rodrigo faleciou em 1193 e foi enterrado na Catedral de Palência.

Antepassados

A origem da linhagem Girão tem sido debatido entre os historiadores e genealogistas de todos os tempos. O primeiro que escreveu uma obra completa sobre esta família foi Jerónimo Gudiel, hagiógrafo de Pedro Téllez-Girão, primeiro duque de Osuna, publicada em 1577. Segundo Gudiel, os Girão vem de Cisneros e do conde chamado Rodrigo Gonçales de Cisneros membro da casa de Lara, seguindo a genealogia dada anteriormente por Pedro Afonso, conde de Barcelos. O genealogista Luis de Salazar y Castro em sua obra sobre a casa de Lara também errou e considerou o conde Gonçalo Pais, poderoso rico-homem das Asturias, como a cabeça da linhagem.[2]

Os historiadores modernos, analisando documentos medievais, ter sido capaz de esclarecer as origens deste linhagem e consideram que vem da Tierra de Campos e possivelmente descendêntes do clan dos Banu Mirel. De acordo com estas investigações, Rodrigo Guterres Girão foi o filho de Guterre Teles e de Urraca Dias.[b]

O avô paterno de Rodrigo foi Telo Fernandes, nobre de Saldaña que figura como o tenente de Torremormojón em 1116 e mais tarde, em 1127 em Campos,[3] e como tenente do castelo de Aceca onde morreu em 1133 quando foi tomado e destruído pelos almorávidas.[4]

Rodrigo teve quatro irmãos:[5] Álvaro, Pedro Guterres, esposo de María Bueso, Gonçalo, e Maior, esposa de Afonso Teles, filho de Telo Teles e Maior Suarez.

Matrimónios e descendência

Castelo de Torremormojón

O seu primeiro casamento foi com Maria de Gusmão, filha de Rodrigo Munhos de Gusmão e de Maior Dias.[6] Deste matrimónio naceram oito filhos, como evidenciado numa venda que fizeram em 1194, depois da morte de seu pai, à Ordem de Calatrava da sua parte num castelo de Dueñas. Nesta doação, também figura um sobrinho dos irmãos, Rodrigo, filho do primogênito.[7][c]

  • Gonçalo Rodrigues Girão, mordomo-mor e senhor de Frechilla e de Autillo de Campos.
  • Guterre Rodrigues Girão, chanceler-mor desde o 7 de novembro de 1182 até o 22 de agosto de 1192, assina os documentos como Guterrio Roderici existente cancellario scripsit e foi bispo de Segovia entre 1194 e 1195, ano da sua morte na batalha de Alarcos.
  • Álvaro Rodrigues Girão, que aparece em 1218 na documentação do Mosteiro de Santa María la Real de Aguilar de Campoo vendendo propriedades no Alfoz de Aguilar e em Quintanilla de Verezoza.
  • Pedro Rodrigues Girão, esposo de Sancha Peres de Lumiares, filha de Pedro Afonso Viegas, tenente de Neiva (1187) e de Trancoso (1184),[8] e de Urraca Afonso, filha ilegítima do rei Afonso Henriques. Pedro foi tenente da metade de Aveiro e teve importante descendência. Sua filha, Teresa Peres Girão foi a esposa de Álvar Dias de Noreña, que foram os pais de vários filhos, entre eles, o cardenal Ordonho Alvares.[9][10]
  • Nuno Rodrigues Girão.
  • Rodrigo Rodrigues Girão, chanceler e senhor da vila de Madrid.
  • Teresa Rodrigues Girão, mulher de Ponce Vela de Cabrera, alferes do rei Fernando II, e avó de Fernando Perez Ponce de Leão.
  • Elvira Rodrigues Girão (faleceu ca. 1211), a primeira esposa de Afonso Teles de Meneses, 2.º senhor de Meneses e 1.º de Albuquerque. Foram os avós de Maior Afonso de Meneses a esposa do infante Afonso de Molina os pais da reinha Maria de Molina.

Rodrigo Guterres Girão, contraiu umas segundas nupcías com Jimena Osorez, filha do conde Osório Martínez ea condessa Teresa Fernandes de Villalobos, de quem não teve descendência. Ambos aparecen na doação à Ordem de Calatrava em 22 de novembro de 1191.

As armas dos Girones

Reza uma lenda que havía um homem chamado Rodrigo Gonçales de Cisneros que salvou a vida do rei Afonso VI na batalha contra os mouros, dando seu cavalo à rei para que pudesse escapar. Para que o rei não se esqueça de seu servicio, antes de marchar, cortou um pedaço da cota de armas do monarca (jirón, em espanhol). Mais tarde, compareceu ante o rei com estos fragmentos, suplicando permissão para que pudesse trazer em suas armas.

Esta lenda não tem fundamento já que nem os historiadores nem tradição popular mencionan esta façanha. Além disso, o costume de pintar armas familiares nos escudos era desconhecida no tempos do rei Afonso VI e näo foi até um século máis tarde que començara-se a usar brasões.[11]

Notas

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Rodrigo Gutiérrez Girón», especificamente desta versão.
[a] ^ Conforme registrado no documento XXI do Mosteiro de San Salvador de El Moral (Palência) (notícia recolhida pelo historiador Estepa Díez), cuando assinou o documento como Rodrigo Giron en Monzon.
[b] ^ Em 1 de setembro de 1166, o rei Afonso VIII doou à Guterre e a sua esposa Urraca a metade do castelo e vila de Aceca, comforme registrado nas escrituras da Ordem de Calatrava.
[c] ^ Na doação à Ordem de Calatrava o bispo de Segovia, Guterre Roiz (Rodrigues) e seus irmãos, todos filhos do mordomo-mo Rodrigo Guterres, venderam a Ordem de Calatrava sua parte no castelo de Dueñas (Calatrava) pelo preço de 1000 maravedis depois da morte de seu pai. Os filhos mencionados neste documento são: Gonçalo; Guterre; Álvaro; Pedro; Nuno; Rodrigo; Teresa; e Elvira, mais nepote nostro Roderico Gonsalvi. Cfr. Ruiz Gómez (2003), pp. 150–151

Referências

Bibliografia

  • Barón Faraldo, Andrés (2006). Grupos y dominios aristocráticos en la Tierra de Campos oriental, Siglos X-XIII (em espanhol). Palencia: Monografías. ISBN 84-8173-122-6 
  • Cotarelo Mori, Emilio (julho 1903). «Las armas de los Girones: Estudios de la antigua heráldica espanola» (PDF). Revista de Archivos, bibliotecas y museos. IX: 18-19. OCLC 431825172 
  • Estepa Díez, Carlos (2003). Las Behetrías Castellanas, 2 tomos (em espanhol). Valladolid: Junta de Castilla y León, Consejería de Cultura y Turismo. ISBN 84-9718-117-4 
  • Fernández Suárez, Ana (1995–1996). «Orígenes y ascensión de un linaje nobiliario asturiano: Los Álvarez de Noreña» (PDF). Asturiensia Medievalia (em espanhol) (8): 239-261. ISSN 0301-889X 
  • Gudiel, Jerónimo (1577). Compendio de algunas historias de España donde se tratan muchas antiguedades dignas de memoria y especialmente se da noticia de la antigua familia de los Girones y de otros muchos linajes. Alcalá de Henares: Casa de Juan Íñiguez de Lequerica. OCLC 638783752. Consultado em 8 de abril de 2013. Arquivado do original em 13 de julho de 2017 
  • Ruiz Gómez, Francisco (2003). Los orígenes de las órdenes militares y la repoblación de los territorios de La Mancha (1150-1250). Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas. ISBN 84-00-08159-5 
  • Salcedo Tapia, Modesto (1999). La familia Téllez de Meneses en los tronos de Castilla y Portugal (em espanhol). Palencia: Institución Tello Téllez de Meneses CECEL-CSIC y Diputación de Palencia, Departamento de Cultura. ISBN 848173-070-X 
  • Sotto Mayor Pizarro, José Augusto (1997). Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325. Porto: Tese de Doutoramento, Edicão do Autor 
  • Teles da Sylva, Manoel (1725). Colecçam dos documentos, estatutos e memorias da Academia Real da História Portugueza. Lisboa: Pascoal da Sylva 
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